domingo, 13 de julho de 2014

Aeromóvel no passo lento da burocracia

13/07/2014 - Folha da Manhã - Campos/RJ

O projeto do Aeromóvel em Campos trafega em uma velocidade inversamente proporcional ao que se propõe: trazer um pouco de alívio para o tumultuado trânsito e mais conforto para a população que sofre com o transporte público na cidade. Anunciado em maio do ano passado, aprovado pela Câmara pouco depois, o Aeromóvel teve o aval do governo federal, no último dia 2 de julho, com assinatura de termo de compromisso entre a presidente Dilma Rousseff e a prefeita Rosinha Garotinho. Porém, detalhes do projeto ainda não são conhecidos, pondo em dúvida se, executado, solucionará o problema da mobilidade urbana em Campos: "O projeto ainda não foi apresentado, embora exista o seu desenvolvimento, conforme expôs Paulo Dias, do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) na reunião extraordinária da Câmara de Vereadores em 10 de junho. Não o vejo com bons olhos, mesmo porque isoladamente, nem o aeromóvel ou qualquer outro modal, poderá resolver o problema que é de mobilidade não de equipamento de transporte”, diz o arquiteto e urbanista Renato Siqueira.

Segundo informações da Prefeitura de Campos, a construção do Aeromóvel terá investimentos estimados de R$ 396 milhões: R$ 300 milhões de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal e mais R$ 96 milhões a serem emprestados pelo Banco do Brasil.

A prefeitura informou que, após a assinatura do termo de compromisso, não houve novidades e outras questões burocráticas estão sendo tratadas, mas não especificou quais serão as próximas etapas, nem apresentou o projeto, enviando um croqui de uma das estações do aeromóvel. Estão previstos13 quilômetros de linha, com 11 estações: "Assim, garantirá maior mobilidade urbana e modernizando o trânsito de Campos. Os gastos com energia não chegam nem a metade do que se gasta com os meios de transporte convencionais”, disse anteriormente o líder do governo na Câmara, Paulo Hirano, acrescentando que o Aeromóvel é um sistema de transporte utilizado em países de primeiro mundo.

Membro do Observatório Social de Campos, Renato Siqueira diz que muito se questiona no caso do Aeromóvel, especialmente os impactos urbanistícos do projeto.

— O estudo apresentado por Paulo Dias foi de uma estrutura suspensa do Aeroporto à Penha, com trecho sobre toda a Av. 28 de Março cujo topo dessa estrutura alcança quase 10 metros de altura. Um monstrengo tecnológico de grande impacto urbanístico, especialmente na paisagem urbana. Por isso, não o vejo com bons olhos — afirma o arquiteto e urbanista.

Discussão deve passar pela mobilidade

Ainda de acordo com Renato Siqueira, o município necessita com urgência de um Plano de Mobilidade Urbana, que defina os vários modais que o integrarão, com os respectivos terminais rodoviários e controle da ocupação urbana, ampliando os logradouros arteriais existentes (Av. 28 de Março, Arthur Bernardes, Nossa Senhora do Carmo, Messias Urbano, Princesa Isabel, Nazário Pereira Gomes, Estilac Leal, Campista), sem esquecer a retirada dos fluxos das BRs 356 e 101, especialmente, do trecho urbano.

E diz: "Seja qual for a resultante mais adequada, ela deve passar pelo Plano de Mobilidade Urbana, a ser elaborado pelos municípios com mais de 20 mil habitantes, com obrigatoriedade da realização de Audiências Públicas devidamente divulgadas em sua promoção e devidamente registradas, conforme o Plano Diretor e a lei 12587/2012. O Observatório Social, apontou o caminho com a realização do Seminário Mobilidade Urbana, realizado em novembro passado, cuja agenda propositiva já se encontra protocolada no Gabinete da Prefeita, na secretaria de Obras, no IMTT, na secretaria de Meio Ambiente, no CMMAU (Cons. Meio Ambiente e Urbanismo) e Câmara de Vereadores”, diz.