sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Porto Alegre

Grupo de empresas é autorizado a fazer estudos para exploração do antigo aeromóvel e revitalização da Praça Júlio Mesquita

10/02/2022 - GZH

Por Fernanda Polo e Guilherme Gonçalves

Lideradas pela Aerom Sistemas de Transporte, criadora da tecnologia, empresas terão 90 dias para apresentar proposta.

Um grupo de empresas liderado pela Aerom Sistemas de Transporte, criadora da tecnologia do aeromóvel, assinou nesta quinta-feira (10) o termo de autorização para desenvolver os estudos de viabilidade para a exploração da antiga linha do aeromóvel e a revitalização da Praça Júlio Mesquita, no Centro Histórico. As empresas, que foram as únicas a manifestar interesse no edital da prefeitura de Porto Alegre, terão um prazo de 90 dias, a partir da publicação do termo, para entregar a proposta.

A primeira reunião com o grupo autorizado deve ocorrer na próxima semana, de forma a dar início ao estudo que servirá de base para a licitação das obras. A expectativa da prefeitura é de que até o final do ano o projeto seja submetido ao Conselho Gestor de Parcerias, ingressando, posteriormente, na fase externa e de licitação.

O estudo determinará o que poderá ser feito no local, por meio de uma proposta de como utilizar tanto a praça quanto a linha elevada do aeromóvel, analisando a viabilidade econômico-financeira.

O projeto terá cunho turístico e cultural, sem caráter de transporte público — existe a possibilidade de se construir novos acessos à linha antiga do aeromóvel, o que dependerá da viabilidade financeira. O município não fornecerá recursos. O estudo será pago por meio de ressarcimento na licitação da obra, de modo que a empresa vencedora pagará pelo trabalho desenvolvido.

— A proposta será toda turística, cultural, para aderir a tudo o que já foi feito ali na Orla, conversar, ter essa conexão e outra possível com o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho — explica Alessandra Santos, assessora jurídica da Secretaria Municipal de Parcerias.

Marcus Coester, CEO da Aerom Sistemas de Transporte, ressalta que o objetivo é requalificar o trecho original da linha do aeromóvel, com novidades que podem ser até mesmo um novo veículo panorâmico. Para isso, o estudo também vai avaliar a possibilidade de uma extensão da linha nas duas extremidades, de 200 a 300 metros, em direção ao Parque da Harmonia e ao Cais Mauá, permitindo ainda a integração operacional com praças da região.

— A gente vem desde a época em que foi feita (a linha) discutindo com a prefeitura uma forma de fazer uma operação comercial. Evoluiu bem nos últimos anos, se chegou a esse modelo proposto, de operação comercial com fins de demonstração, visitação, turístico, mas que traga alguma funcionalidade de transporte dentro da lógica da nova orla do Guaíba — destaca Coester.

A linha possui um quilômetro de extensão. Uma análise feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) atestou a condição de utilização da estrutura. Para Coester, o mais coerente é encontrar uma forma técnica e econômica que permita à cidade e aos porto-alegrenses usufruírem dessa infraestrutura. 

Além disso, o CEO da Aerom salienta que a concessão da Praça Júlio Mesquita dá mais condições econômicas para encontrar boas alternativas. Os estudos incluem um levantamento do funcionamento do local — que costuma receber atividades culturais e de lazer —, de modo que a proposta seja compatível com a infraestrutura existente, levando ao melhor aproveitamento da praça, que já foi revitalizada por meio de projeto do arquiteto Jaime Lerner.

Assim, o estudo avaliará possíveis operações na praça, analisando quais atividades econômicas poderão ser desenvolvidas em sinergia com o aeromóvel. Além disso, calculará os custos e a projeção de receitas — o que reflete no tempo de concessão do espaço, que provavelmente terá um prazo mais longo, em torno de 30 anos, segundo Coester, para atrair interessados, devido ao elevado valor de investimento.

Alessandra afirma que a iniciativa vai potencializar o uso da área, trazendo também mais segurança à população e aliviando os cofres públicos por meio da concessão do espaço. , Eça destaca ainda que o projeto não poderá se descolar muito do layout da Orla.

— A praça é muito frequentada pela população, e a linha elevada pode ser melhor explorada. Vai fechar o contexto da Orla, qualificando o uso dela pelo outro lado — ressalta.

Coester explica que, para a empresa, o ponto vinculante à proposta é a preexistência da linha piloto nessa localidade, construída para a certificação da tecnologia.

— Temos um carinho muito especial, uma relação tecnológica. A fundamentação da tecnologia do aeromóvel partiu daquele sistema piloto ali — explica. —  A expectativa de resgatar a linha como aplicação prática e funcional tem muito a ver com a forma de pensar muito prática do meu pai (Oskar Coester), fundador e idealizador da tecnologia, buscando isso, a praticidade, uma coisa real que as pessoas possam utilizar, vivenciar, e que traga coisas positivas para a cidade. 

Produção: Fernanda Polo e Guilherme Gonçalves

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