quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Canoas: o plano para o aeromóvel

29/09/2015 - Software Livre - Brasília/DF 

Depois de anos de planejamento e burocracias, parece que o aeromóvel de Canoas está pronto para sair do papel.

Marcos Bosio. Foto: divulgação.

Isso é o que aponta a prefeitura de Canoas, que apresentou o plano de investimento e de implementação do projeto, que tem sua primeira fase prevista para iniciar em fevereiro de 2016. Os primeiros testes do novo meio de transporte estão previstos para novembro do mesmo ano.

Financiada com recursos do PAC e contrapartida de prefeitura, a primeira fase do projeto custará R$ 287 milhões, envolvendo custos de implementação da tecnologia e de obras urbanísticas. Apesar dos cortes orçamentários do governo, os recursos para a obra foram garantidos pelo governo.

"A fase 1 do projeto compreende a primeira de três linhas: a primeira é linha guajuviras, que começa no Mathias Velho e termina nas imediações da Brigada Militar, no bairro Guajuviras", afirmou Marcos Bosio, Secretário da Fazenda do município e coordenador do projeto do aeromóvel.

A primeira etapa terá 5,9 quilômetros de extensão e nove estações. As obras ficarão por conta da empresa Aeromóvel Brasil, que mudará sua sede de São Leopoldo para Canoas.

A cidade deverá abrir nos próximos meses a licitação para a entrada de uma concessionária para a gerenciar a operação do novo transporte na cidade, que começará com uma capacidade de 5 mil pessoas por hora em cada sentido.

"De acordo com a demanda e com o avanço das próximas linhas, podemos ampliar esta capacidade para até 24 mil pessoas por hora em cada sentido", afirmou Bosio.

Para garantir o sucesso de uso do novo transporte, Bosio afirma que a prefeitura municipal redesenhará toda a estrutura de transporte coletivo na cidade, renegociando os contratos com as empresas de ônibus na cidade.

"O aeromóvel só dará certo e terá o retorno esperado de movimento e receita se estiver a serviço de um ecossistema integrado em toda a cidade, envolvendo o trensurb e ônibus. Acredito que esse é o maior desafio, mais até que a parte tecnológica", afirmou o coordenador.

Criada na década de 70 pelo empresário gaúcho Oskar Coester, a tecnologia do aeromóvel usa o princípio de redução do peso-morto por passageiro transportado, com propulsão pneumática via pressão no interior de um duto localizado na via abaixo do veículo, eliminando a necessidade de um motor no veículo e reduzindo o consumo de energia.

Para a prefeitura, é importante que o projeto também tenha o retorno financeiro esperado, já que assumiu o risco de cobrir o prejuízo da concessionária caso o número mínimo de passageiros por dia não seja atingido. Por outro lado, caso seja ultrapassado, o município receberá uma outorga da empresa responsável pelo transporte.

Além disso, a opção para expandir o número de linhas para as fases 2 e 3 do aeromóvel ficará a critério da concessionária, que terá acesso a uma linha de crédito da Finep de até R$ 600 milhões para encaminhar o projeto.

Quando começar a correr nos trilhos em novembro de 2016 - conforme previsto pela prefeitura - o aeromóvel de Canoas será o projeto de maior escala da tecnologia, que foi criada na década de 80, mas nunca chegou de fato a decolar.

Em 1983, Porto Alegre chegou a ensaiar uma adoção da tecnologia, ao fazer uma linha piloto saindo da Usina do Gasômetro, mas que foi interrompida após a construção de apenas 650 metros de linha elevada.

À parte de um projeto realizado pela empresa brasileira em Jacarta, na Indonésia, o conceito do aeromóvel só foi revivido na região em 2013, com a inauguração de um trecho elevado entre a estação trensurb do Aeroporto Salgado Filho até o terminal 1 do aeroporto.

Mesmo assim, o veículo tem suas dificuldades. Segundo levantamento realizado no ano passado, o aeromóvel tem transportado em média 3 mil passageiros por dia em dias úteis, menos da metade dos 7,7 mil previstos nos planos que levaram à autorização da obra.

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